29 outubro, 2005

AINDA O REFERENDO


NÃO É NOVIDADE que quase toda a grande imprensa (grande no tamanho, mínima nos escrúpulos) apoiou o perdedor “sim” no 23 de outubro. Derrotada, botou beiço e pôs-se logo a explicar que mesmo tendo vencido o “não” continua sendo muito difícil possuir uma arma de fogo. Pelo que me lembro a severidade para permissão de compra era argumento contrário aos seus. Mas o mais interessante é a oitiva de cientistas políticos e sociólogos. Tais “especialistas” não tardaram em dar interpretação exata acerca do que significou o rotundo NÃO bradado no último domingo: o povo está insatisfeito quanto à política de segurança pública adotada pelo governo. Brilhante, genial. Quantas horas de estudo teriam sido necessárias para avançar à tão distante fronteira dos estudos sociais? Para isso serviu o referendo? Para essa conclusão? Vou sair pelo mundo procurando uma nação, uma cidade, uma tribo, uma aglomeração humana qualquer que esteja satisfeita com leis frouxas, judiciário deficitário, polícia mal paga, mal equipada e mal treinada. Quem tem satisfação com delegacias invadidas para libertação de presos, cadeias cheias de celulares, setores da cidade comandados por traficantes e suas milícias? O derrota do “sim” mostra o óbvio: o brasileiro não abre mão do direito de se armar. Quer ter acesso a armas. Não se vê como um povo de segunda categoria, a quem se for dada a posse de armas de fogo poderá cometer barbaridades no meio da rua ou trazer perigo iminente para suas crianças. Pergunte-se agora o que os brasileiros acham da severidade do alcunhado Estatuto do Desarmamento. Eu não tenho medo da democracia, mas muita gente por aí tem!
PS.: ciência política e sociologia não possuem a mesma exatidão da engenharia, por exemplo. Onde estão os que pensam de maneira diversa? Duas possibilidades: idiotização dos “especialistas” ou a já citada falta de escrúpulos da “grande” imprensa.
ilustração de Maringoni publicada no site agenciacartamaior.uol.com.br

RAZÃO DE SER

“NÃO FAÇO IDÉIA” é uma resposta comum quando queremos expressar com veemência que nada sabemos acerca do assunto sobre o qual somos indagados. Constará nesse blog exata e simplesmente o oposto desse dito, ou seja, simplesmente escreverei do que conheço, ou do que penso que conheço, ou do que penso que faço idéia. Isso será feito no exato espírito de um papo numa mesa de bar, num café, numa visita à casa de amigos: sobre os mais variados assuntos, de maneira informal, despretensiosamente e com a expectativa de ouvir a opinião dos convivas. Fazer idéia, na verdade, será apenas o princípio do que resultará na verdadeira razão de ser disto aqui: trocar idéias. Fora isso devem surgir fotos, piadas, resenhas, etc..